quinta-feira, 19 de junho de 2014

Possibilidade do uso de aplicativos na psicanálise causa polêmica entre usuários e especialistas

Possibilidade do uso de aplicativos na psicanálise causa polêmica entre usuários e especialistas

Clara Caldeira

Um aplicativo lançado em março nos Estados Unidos vem causando controvérsia entre usuários e especialistas. O Talkspace tem como proposta conectar pessoas que buscam atendimento terapêutico com profissionais renomados da psicanálise, segundo os criadores do app*.

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A ideia do app é democratizar o acesso à terapia, mas será na prática isso funciona?
Utilizando-se do Wathsapp criptografado, a ferramenta permite que paciente e terapeuta conversem via mensagens instantâneas, o que elimina etapas do processo tradicional como a procura por um profissional, os encontros presenciais e o pagamento. Ou seja, basta baixar a ferramenta, apertar um botão e pronto. Começa a terapia.
Mas de acordo com especialistas é justamente esta aparente agilidade um dos maiores problemas de se aplicar a lógica mobile a este universo especifico. “A psicanálise pressupõe o encontro, com uma duração determinada, num tempo determinado e num local determinado onde se tenha tempo para parar, pensar, falar e refletir”, explica Gustavo Veiga, psicanalista formado pela Universidade de São Paulo (USP).
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Segundo Gustavo Veiga a iniciativa Vai contra todos os pressupostos de várias linhas de psicologia
O psicólogo analisa a nova plataforma como uma ferramenta superficial “O aplicativo pressupõe a construção de uma dependência típica do mundo atual, onde não se pode suportar qualquer problema ou dificuldade por mais de um minuto”, critica Veiga. “Basta sacar o celular que terá a resposta para tudo. Eu acho esse pressuposto horrível, pois tira toda a força da pessoa, toda a capacidade de aprendizado que se pode ter com determinada experiência”, completa.
Os criadores do app se defendem com a ideia da democratização do acesso ao tratamento “É uma loucura que ainda hoje pessoas não tenham acesso à terapia”, defende Oren Frank, co-criador da plataforma. Pode ser que nos Estados Unidos, onde impera a cultura do ‘aconselhamento’ – que se enquadra mais no perfil de auto ajuda -, a ideia realmente funcione, mas no Brasil, só o fato do aplicativo se restringir ao sistema IOS já seria um imenso limitador, que quebra completamente o argumento da democratização da terapia.

* App é a abreviatura de application, ou seja aplicação. Aplicação essa que é instalada num smartphone. A função das apps é facilitar a vida aos utilizadores, proporcionando-lhes um acesso directo a serviços de notícias, informação meteorológica, jogos, serviços de mapas, com geo-localização através de GPS ou utilitários do mais variado tipo de finalidades.Fonte: http://www.marketingtecnologico.com/Artigo/o-que-sao-apps.

Texto de Clara Caldeira - 17 de junho de 2014 às 18:00